Que os seus olhos funcionem bem
E eu, estando só, busque os meus netos na escola
Que seus sorrisos te lembre
que eu sou a fortuna que o senhor acumulou
Nossas visitas ao hospital
sejam apenas para ver os quadros dos que lá moraram
Porque os seus amigos estarão contigo
Jogando suas redes no rio
Proseando sobre como a nostalgia sempre esteve em alta
Com anos de atraso
Mas aí me lembro: Vovô, você ainda tem cinquenta e nove
E seu mundo ainda é aquele
Onde as filas por um fígado dão as suas voltas no continente
Que anda quente demais
exceto dentro do carro com vidros fechados
Porque, se abertos, tudo pode acabar ali num assalto
Se eu chegar até lá
Que possamos ser mais médicos e menos juízes
E, ao estarmos num semáforo
Que não seja pra pedir dinheiro, mas para dar abraços
Perceberemos que são os nossos irmãos
que estão ali com frio na rua
Enquanto permanecemos aqui salvos e aquecidos
Com nossas lareiras
Mas aí me lembro: Vovô você está nos cinquenta
E grito: "tempo, pare um pouco para eu respirar!
O senhor ainda não conseguiu ser a metade do que deveria ser! "
Então eu lhe digo: "você continua um sonhador
Que ainda sonha que tudo mude...
Quando tiver sessenta"
Nenhum comentário:
Postar um comentário