18.8.15

"MOMENTO ESPIRITUAL"

OS TORMENTOS VOLUNTÁRIOS

23. O homem está incessantemente à procura da felicidade, que lhe escapa a todo instante, porque a felicidade sem mescla não existe na Terra. Entretanto, apesar das vicissitudes que formam o inevitável cortejo desta vida, ele poderia pelo menos gozar de uma felicidade relativa. Mas ele a procura nas coisas perecíveis, sujeitas às mesmas vicissitudes, ou seja, nos gozos materiais, em vez de buscá-la nos gozos da alma, que constituem uma antecipação das imperecível alegrias celestes. Em vez de buscar a paz do coração, única felicidade verdadeira neste mundo, ele procura com avidez tudo o que põe agitá-lo e perturbá-lo. E, coisa curiosa, parece criar de propósito de tormentos, que só a ele cabia evitar.

Haverá  maiores  tormentos  que  os  causados  pela inveja  e  o ciúme? Para o invejoso e o

ciumento não existe repouso: sofrem ambos de uma febre incessante. As posses alheias lhes causam insônias; os sucessos dos rivais lhes provocam vertigens; seu único interesse é o de eclipsar os outros; toda a sua alegria consiste em provocar, nos insensatos como eles, a cólera do ciúme. Pobres insensatos, com efeito, que não se lembram de que, talvez amanhã, tenha de deixar todas as futilidades, cuja cobiça lhes envenena a vida! Não é a eles que se aplicam estas palavras: "Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados", pois os seus cuidados não têm compensação no céu.


Quantos tormentos, pelo contrário, consegue evitar aquele que sabe contentar-se com o que possui, que vê sem inveja o que não lhe pertence, que não procura parecer mais do que é! Está sempre rico, pois, se olha para baixo, em vez de olhar para acima de si mesmo, vê sempre os que possuem menos do que ele. Está sempre calmo, porque não inventa necessidades absurdas, e a calma e meio das tormentas da vida não será uma felicidade?

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