27. Um
homem agoniza, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que o seu estado é sem
esperanças. É permitido poupar-lhe alguns instantes de agonia, abreviando-lhe o
fim?
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Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele
conduzir um homem até a beira da sepultura, para em seguida retirá-lo, com o
fim de fazê-lo examinar-se a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? A que
extremos tenha chegado um moribundo, ninguém pode dizer com certeza que soou a
sua hora final. A Ciência, por acaso, nunca se enganou nas suas previsões?
Bem sei que há casos
que se podem considerar, com razão, como desesperados. Mas se não há nenhuma
esperança possível de um retorno definitivo à vida e à saúde, não há também
inúmeros exemplos de que, no momento do último suspiro, o doente se reanime
recobra suas faculdades por alguns instantes? Pois bem: essa hora de graça que
lhe é concedida, pode ser para ele da maior importância, pois ignorais as
reflexões que o seu Espírito poderia ter feito nas convulsões da agonia, e
quantos tormentos podem ser poupados por um súbito clarão de arrependimento.
O
materialista, que só vê o corpo, não levando em conta existência da alma, não
pode compreender essas coisas. Mas o espírita, que sabe o que se passa
além-túmulo, conhece o valor do último pensamento. Aliviai os últimos
sofrimentos o mais que puderdes, mas guardai-vos de abreviar a vida, mesmo que
seja em apenas um minuto, porque esse minuto pode poupar muitas lágrimas no
futuro.
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