26. Deve-se
por termo às provas do próximo, quando se pode, ou devemos, por respeito aos
desígnios de Deus, deixá-las seguir o seu curso?
- Já vos dissemos e repetimos, muitas
vezes, que estais na terra de expiação para completar as vossas provas, e que
tudo o que vos acontece é conseqüência de vossas existências anteriores, as
parcelas da dívida que tendes a pagar. Mas este pensamento provoca em certas
pessoas reflexões que devem ser afastadas, porque podem ter funestas conseqüências.
Pensam alguns que, uma vez que se está
na Terra para expiar, é necessário que as provas sigam o seu curso. Há outros
que chegam a pensar que não somente devemos evitar de atenuá-las, mas também
devemos contribuir para torná-las mais proveitosas, agravando-as. É um grande
erro. Sim, vossas provas devem seguir o curso que Deus lhes traçou, mas acaso
conheceis esse curso? Sabeis até que ponto elas devem ir, e se vosso Pai
Misericordioso não disse ao sofrimento deste ou daquele vosso irmão: "Não
irás além disto?" Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como
instrumento de suplício, para agravar o sofrimento do culpado, mas como bálsamo consolador, que deve cicatrizar
as chagas abertas pela sua justiça?
Não
digais, portanto, ao verdes um irmão ferido: "É a justiça de Deus, e é
necessário que siga o seu curso", mas dizei, ao contrários
"Vejamos que meios nosso Pai Misericordioso me concedeu, para aliviar o
sofrimento de meu irmão. Vejamos se o meu conforto moral, meu amparo material,
meus conselhos, poderão ajudá-lo a transporia esta prova com mais força,
paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de
fazer cessar este sofrimento; se não me deu, como prova também, ou talvez como
expiação, o poder de cortar o mal e substituí-lo pela bênção da paz".
Auxiliai-vos sempre, pois, em vossas
provas mútuas, e jamais vos encareis como instrumentos de tortura. Esse
pensamento deve revoltar todo homem de bom coração, sobretudo os espíritas.
Porque o espírita, mais que qualquer outro, deve compreender a extensão
infinita da bondade de Deus. O espírita deve pensar que sua vida inteira tem de
ser um ato de amor e de abnegação, e que por mais que faça para contrariar as
decisões do Senhor, sua justiça seguirá o seu curso. Ele pode, pois, sem medo,
fazer todos os esforços para aliviar o amargor da expiação, porque somente Deus
pode cortá-la ou prolongá-la, segundo o que julgar a respeito.
Não
seria excessivo orgulho, da parte do homem, julgar-se com o direito de
revolver, por assim dizer, a arma na ferida? De aumentar a dose de veneno para
aquele que sofre, sob o pretexto de que essa é a sua expiação? Oh!
Considerai-vos sempre como o instrumento escolhido para fazê -la cessar.
Resumamos assim: estais todos na Terra para expiar; mas todos, sem exceção,
deveis fazer todos os esforços para aliviar a expiação de vossos irmãos,
segundo a lei de amor e caridade.
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